A Fibria anunciou ontem ter fechado a venda da sua fábrica de papéis especiais localizada em Piracicaba (SP) para o grupo japonês Oji Paper, em um acordo de US$ 313 milhões. Em julho, o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, já havia dito que a decisão de se desfazer da fábrica fazia parte “das ações da Fibria de vender ativos que não fazem parte de seu foco estratégico”, a produção de celulose.
A venda fechada ontem representa a última etapa desse processo de reestruturação. A companhia já havia vendido para a chilena CMPC, no final de 2009, o polo instalado em Guaíba (RS), o qual era composto por uma fábrica de celulose e uma pequena unidade de papel , em um acordo de US$ 1,43 bilhão.
Também negociou, no início deste ano, a participação de 50% que detinha no Consórcio Paulista de Papel e Celulose (Conpacel) para a sócia Suzano, que pagou R$ 1,45 bilhão para ficar com a totalidade da empresa.
O objetivo da companhia com a reestruturação era viabilizar investimentos na construção de novas fábricas de celulose e reduzir o nível de endividamento, que chegou a superar 7 vezes a relação entre dívida líquida e Ebitda no início de 2009.
No final do segundo trimestre deste ano, a alavancagem já era de 3,2 vezes, número que provavelmente vai crescer no terceiro trimestre por conta da valorização do dólar e consequente efeito nas dívidas contraídas em moeda estrangeira. As conversas com o grupo Oji foram oficializadas no final de julho e receberam o aval dos analistas do setor.
Na oportunidade, os relatórios indicavam o efeito do negócio na redução da alavancagem da Fibria. “A venda (da fábrica) de Piracicaba reduziria a relação entre dívida líquida e Ebitda das 3,2 vezes reportadas no segundo trimestre para 3 vezes”, destacou relatório do Citi com data de 11 de agosto. O material, entretanto, ainda não englobava o salto de quase 20% do dólar desde o final de junho.
A operação anunciada ontem, porém, evitará uma elevação mais acentuada da dívida da Fibria no terceiro trimestre, resultante da variação cambial. O negócio pode injetar aproximadamente R$ 600 milhões no caixa da companhia, pela cotação do dólar de ontem. O montante corresponde a quase 50% do acréscimo da dívida da companhia até a quarta-feira, segundo estudo feito pela Economática.